A interação das empresas com os seus públicos remodelada pelas mudanças sociais

Interação das empresas com seus públicos  sob novos paradigmas conduzem transformando-os em sujeitos 

Interação entre empresas e stakeholders sob o paradigma relacional

Interação entre empresas e stakeholders sob o paradigma relacional

A  interação entre empresas e seus públicos foi  remodelada pelas mudanças sociais. O contexto social contemporâneo, marcado principalmente pela globalização e pelas novas tecnologias, modificou as organizações em vários aspectos, colocando-as em um lugar nunca antes ocupado, a ponto de Drucker (1999) afirmar que a sociedade transformou-se em uma sociedade de organizações. O autor acrescenta que quase todas as tarefas necessárias ao funcionamento da sociedade, atualmente, são feitas por organizações empresariais, governamentais ou do terceiro setor, estando essas cada vez mais presentes no cotidiano das pessoas. Conceituando-as como sujeitos sociais coletivos ou, no entender de Putnam (1983, p. 45), como “relacionamentos sociais concebidos como um sistema complexo de significados”, as organizações influenciam a sociedade e são influenciadas por ela, afetando e sendo afetadas pelos diversos campos como comunicação, político, social, ambiental, econômico e cultural.

Sujeitos da interação

Nesse movimento de afetação recíproca, não só as organizações, mas também seus interlocutores foram transformados em sujeitos.  Adotamos aqui a perspectiva de que um sujeito se constitui no âmbito da ação. É uma determinada ação que constitui o sujeito (FRANÇA, 2006). São consumidores, organizações não governamentais, comunidades, funcionários, imprensa, políticos, entre outros. É na relação que estabelecem com as organizações que esses atores se instituem como sujeitos. É a partir, portanto, da interação estabelecida com a sociedade que se passou a exigir destes sujeitos sociais entre eles, uma concepção atual de comunicação para que enfrentem a nova realidade que se apresenta. Assim, defendendo que o contexto social contemporâneo reconfigura o contexto organizacional, faz-se necessário reconhecê-lo em toda a sua complexidade. Para tanto, apresentamos o contexto social como propulsor de mudanças nas organizações e  nos seus públicos interlocutores. Entendendo as organizações não só como parte integrante do tecido social, mas também como ordenadoras e direcionadoras de interação comunicativa, refletimos sobre a sua relação com a sociedade na contemporaneidade. Compreendendo que essas mudanças não aconteceram de forma homogênea, absoluta, mas, sim, processual, mostra-se a passagem de uma comunicação organizacional, caracterizada por princípios autoritários pela transmissão de informações, por discursos monológicos, para uma comunicação relacional, em que o outro com quem se relaciona é considerado um interlocutor tão importante quanto aquele que, tradicionalmente, ocupava o papel de emissor.

Mudança de paradigmas

Do ponto de vista dos estudos da comunicação, percebemos como reflexo desse fenômeno, que o paradigma funcionalista que considerava o processo comunicativo como uma instância de transmissão linear de mensagem de um emissor para um receptor não dá mais conta de subsidiar teoricamente uma reflexão sobre a relação entre as organizações e os seus interlocutores. As reflexões da área comunicacional também passaram a considerar esse fenômeno a partir da ordem da relação ou, mais especificamente, da interação. Mais adequado para nos ajudar a refletir sobre o modo de vida atual, influenciado pelos princípios democráticos, esse modelo de comunicação baseia-se na “inter-ação” social, ou seja, pressupõe-se que, em toda relação comunicativa, os interlocutores estão necessariamente implicados e se afetam mutuamente (FRANÇA, 2006). Perspectiva que aponta para uma comunicação baseada no diálogo entre as partes interessadas e as empresas , mas que devido ao crescimento das empresas bem como da  população e das distâncias geográficas em que ocupam faz-se necessário ser mediada por instrumentos como jornais corporativos, revistas, sites,  redes sociais, pela imprensa,   entre outros canais.

BIBLIOGRAFIA

DRUCKER, Peter. Sociedade pós-capitalista. São Paulo: Pioneira, 1999. FRANÇA, Vera. Paradigmas da comunicação: conhecer o quê? In: MOTAA, L. G. et al. Estratégias e culturas da comunicação. Brasília: Universidade de Brasília, 2002. p. 13-29. PUTNAN, L. Linda; PHILLIPS, Nelson; CHAPAMAN, Pamela. In: STUART, R. Clegg; HANDY, Cynthia et al. (Orgs.). Handbook de estudos organizacionais – Ação e Análise Organizacional. v. 3, São Paulo: Atlas, 2004. PUTNAN, L. Linda. The interpretative perspective: an alternative to functionalism. In: PUTNAM, Linda L.; PACANOWSKY, M. E. (Eds.). Communication and organizations: an interpretative approach Beverly Hills, CA: Sage, 1983. p. 31-54.